domingo, 16 de agosto de 2009

SEXTA FEIRA 15 DE AGOSTO DE 1969, FAZENDA 600 ACRES EM BETHEL, NEW YORK.


Sai um anuncio sob o nome de Challenge International, Ltd., no New York Times e no Wall Street Journal ("Jovens com capital ilimitado buscam oportunidades de investimento legítimas e interessantes e propostas de negócios") pelos amigos Roberts e Rosenman. Lang e Kornfeld atraídos pelo anuncio respondem. Os quatro jovens decidem se reunir, sem saber que de suas reuniões surgiria o Woodstock o maior festival de música já registrado de todos os tempos.

Mesmo sabendo que seria um investimento arriscado decidem ir em frente com o projeto visando retorno financeiro.

Os ingressos vendidos a mais o menos 75 dólares (que valeria nos dias de hoje) eram encontrados em lojas de disco em New York e até por correios. Venderam 186.000 ingressos antecipado, com este número estimavam um público de aproximadamente 200.000 pessoas. Mas o festival surpreendeu seus organizadores atraindo um público de mais de 500.000 pessoas, por se tornar após o inicio um festival livre (de graça).

O festival foi o marco do movimento hippie que lutava por “Paz e Amor”. A frase conhecida no Brasil como “Paz e Amor” foi criada há meio século em um protesto na cidade de Londres o que no inglês era chamado de “Ban the Bomb” (proibida a bomba) que foi utilizada por um Homem chamado Gerald Holtom, que acreditava que se tivessem um símbolo o alvo do protesto seria alcançado com mais facilidade. No inicio pensaram em utilizar um símbolo cristão (como uma cruz), mas acabou decidindo usar as letras do alfabeto de sinalização por bandeiras, sobrepondo à letra N (de Nuclear) e D (de Disarmament) e colocando um círculo em volta simbolizando o planeta.

O movimento hippie que era parte do que se convencionou chamar movimento de contracultura dos anos 60. O movimento abraçou aspectos de religiões como o budismo e o hinduísmo e também religiões da cultura nativa norte-americana. Os hippies levavam um estilo de vida em comunhão com a natureza. Adotaram um modo de vida comunitário, tendendo a uma espécie de socialismo-anarquista, era contra o nacionalismo, Guerra do Vietnã e todas as guerras.

Na sexta feira do dia 15 de agosto de 1969, na fazenda de 600 acres em Bethel, New York, o projeto dos quatros jovens se torna em um festival de música, o Woodstock Festival, onde se reunia mais de meio milhão de pessoas - o que acho mais incrível - e apenas duas fatalidades aconteceram, como: um caso de morte por overdose, e outra morte por atropelamento de trator.

Pensando sobre os dias de hoje, onde talvez seja impossível reunir tantas pessoas em 3 dias. Primeiro porque o movimento hippie lutava por algo, e tinha tantas pessoas porque acreditavam no “Paz e Amor”, viviam como forma de protesto, tinham ideais (dentre eles muitos eram falheis, mas tinham). Hoje, quais os ideais que temos? Pelo o quê lutamos? Pelo o quê nos preocupamos? Etc. Perguntas como estas são respostas do “por quê?” que, não fazemos coisas como faziam antigamente, como não marcamos nosso tempo. Não lutamos por nada, pensamos ter tudo até que o nada nos afete de forma pessoal. Olhamos coisas que deveriam nos revoltar (digo no bom sentido), mas vemos como algo normal. Não achamos que coisas como a fome no mundo, a “desigualdade de direitos”, a criminalidade, violência, o fato de a sociedade valorizar mais o capital que a própria vida a quem o capital serve, e etc. Não achamos que coisas como essas merecem a dedicação de nossas vidas para mudar. A verdade pela qual lutávamos antes, hoje se tornou relativa, cada um cria a sua própria verdade. O que merecia nossa atenção, hoje já não merece mais, muito pelo contrario, eu é que mereço toda atenção. O consumismo fez a nossa luta mudar, ontem lutávamos por sociedades, hoje lutamos pelo individuo chamado EU mesmo (QUE LUTA PEQUENA ESSA!), lutávamos por necessidades sociais, hoje lutamos por necessidades que o consumismo nos faz crer que temos isso faz com que toda a nossa atenção seja exclusivamente para nós. Uma pessoa independente de classe social ou cultura tem o poder de mudar uma sociedade se abster-se do egoísmo. Se deixar de ser um “ego-pensante” para ser um “UNO-pensante” como dizia Einstein.

Às vezes somos parte de um fila de bonecos industrializados e comercializados. Industrializados porque somos em série, mas com o mesmo propósito. E comercializados porque vendemos quem somos para tentar se tornar quem devemos ser segundo os ditames social. Não estudamos para ser o que queríamos, mas para termos emprego, e vivermos rotinas estressantes o que faz perder o pouco de original que há em nós. Somos como prostitutas nos vendemos à sociedade.

Não estou dizendo que o movimento hippie foi exato, o que estou dizendo é que eles lutavam por algo.

Parabéns aos que lutavam por um mundo melhor. Parabéns para os que pensavam e faziam. Parabéns aos movimentos de contracultura que marcaram época. Parabéns pelos 50 anos de “Paz e Amor” e 40 anos de Woodstock.

nEle que somos!

R.Boy